quarta-feira, 1 de julho de 2015

Sarajevo, uma guerra esquecida!

Em 1992, a Bósnia-Hernegovina era constituída essencialmente por três religiões principais: 46% de muçulmanos, 35% de ortodoxos sérvios e 15% de católicos. Assim conviveram entre 1945 e 1990, durante o período em que integrou a Republica Federal Solicialista Jugoslávia. Após a morte do Marechal Tito, o "ditador benevolente", em 1980, a paz entre as diversas etnias dos Balcãs ficou seriamente ameaçada.

Em 1990, tiveram lugar as primeiras eleições parlamentares multi-partidárias da Bósnia-Herzegovina. Seguiram-se dois anos de caos ná federação, devido à luta pela independência e á luta interna pelo poder parlamentar no novo país.

Em Abril de 1992, 800 tanques e canhões anti-aéreas, enviados por Slobodan Milosevic, o presidente da Sérvia, invadiram Sarajevo, a multi-cultural e cosmopolita capital Bósnia.

No dia 27 de maio de 1992, um fatídico míssil atingiu o mercado de Sarajevo, matando 57 civis, entre os quais mulheres e crianças, que ali faziam as compras do dia. "Reza por eles e não deixes de contar a toda a gente o que aconteceu em Sarajevo". Nos dias e meses seguintes, 50 mil mulheres foram violadas, 1300 mesquitas foram destruídas e mais de 200 mil Bósnios foram assassinados, naquele que é considerado o maior crime de guerra na Europa desde o fim da II Guerra Mundial.

Sarajevo foi sempre protagonista da História! Pelas suas ruas passaram todos os exércitos da Europa. Foi cobiçada por Roma e conquistada por Napoleão. Foi capital do Império Otomano. Mas... mesmo com as suas cicatrizes, continua sendo uma cidade cheia de vida!

Durante o genocídio Bósnio (e não há que ter medo em classificar assim o que aconteceu), às portas da União Europeia, das 4 milhões e setecentas mil pessoas que ali viviam, duzentas mil morreram e cerca de um milhão abandonou o país. Daí, não ser difícil encontrar Bósnios em 112 países distintos. Dos que ficaram, 70% são muçulmanos, 15% croatas e 15% sérvios.

A Guerra da Bósnia culmina com o massacre de Srebrenica, em julho de 1995. Durante os três anos que durou, queimaram-se as árvores de Sarajevo, primeiro, livros e fotografias, depois, para ajudar a enfrentar os -20ºC, sem eletricidade na cidade.

"O pior foi perder amigos...
O melhor? Era quando deixávamos de lado o ódio e muçulmanos e croatas nos juntavamos no meio da linha de fogo, a tomar café, fumar cigarros e recordar os bons velhos tempos...
Uma hora depois ali estávamos, nas respetivas posições, a matar-nos uns aos outros...".

"Don't let them kill us!" foi a faixa que as candidatas a Miss Sarajevo exibiram durante o concurso que teve lugar em 1993, no meio dos bombardeamentos da cidade de Sarajevo.

Foram estas as palavras que inspiraram Bono, Brian Eno e Pavarotti a compor e interpretar este hino à paz, intitulado precisamente "Miss Sarajevo" e cuja primeira actuação ocorreu em Módena, no dia 12 de setembro de 1995.

Foi um genocídio na Europa, de que me recordo bem. 
Esse concerto foi há 20 anos. 
Para que não se esqueça...

 


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