segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Federer v Djokovic

 
Esta era a Final do ATP World Tour por quase todos desejada, entre o primeiro e o segundo jogador do ranking. E, na verdade, não desiludiu. Ou melhor, quase...
 
 
Federer entrou muito bem no encontro, quiça demasiado bem, pois logo ali deixou de ter acesso à rampa que o poderia catapultar para o mais alto voo desta noite. Ao invés, Novak entrou lento e no quarto jogo do encontro, quando já perdia por 3-0,  foi visível na sua cara uns suores que não são normais. Reparei eu e reparou Boris Becker, o meu comentador preferido da Sky Sports, com um sentido de humor notável, que eu jamais imaginaria neste alemão. Já se falava na derrota por 0-6 no último encontro disputado pelos dois, em Cincinnati, quando Nole faz o 3-1. Foi o catalisador de que o sérvio necessitava para mais uma grande noite. Uma noite entre a Cigarra e a Formiga. Novak usou a sua tática de sempre, ou seja, proibido falhar. Voava para a bola, fazia a espargata e até, por duas vezes, se atirou para o chão em desespero. Numa delas abriu um golpe no braço direito que, aparentemente, lhe deu mais força mental (como se ele precisasse) para fechar a primeira partida por 6-7(5).
 
E o que dizer da Cigarra? Jogou bem, deu espetáculo aqui e ali, entre uma direita cruzada batida de costas, em rotação, para salvar um set-point na primeira partida, ou um volley amortie no quarto jogo do segundo set. E, claro, levou a Arena de Londres ao rubro, principalmente com a primeira jogada. Os adversários não têm que invejar toda a admiração e apoio que RF vai granjeando por onde vai passando, em qualquer parte do mundo. Ele personifica o ténis espetáculo de que nós, espetadores e admiradores desta modalidade, estamos à espera. Ele próprio oferece espetáculo aos seus adversários, dando-lhes motivação para o vencerem. Mas isso é tema para outro post.
Hoje, Federer esteve sólido de esquerda e sofrível com a sua direita. Sabemos todos que a pancada direita cruzada é a sua principal arma (por muitos considerada a melhor direita da história do ténis). Pois hoje não foi, e os erros não forçados de direita de Roger, acabaram por "oferecer" o segundo set a Nole (5-7).
 
Concluindo, Novak Djokovic é o melhor jogador a disputar os "big points" e confirmou hoje que é o melhor jogador do ano que agora finda. Roger Federer disse no final que "não podia jogar muito mais do que jogou hoje". Mas esse bocadinho que nós sabemos que ele seria capaz de dar, era suficiente para lhe dar a vitória no último torneio do ano.
 
Agora, boas férias tenísticas. Vemo-nos, em Janeiro, na Austrália!
 
 

Meias-finais do ATP World Tour

Sábado, 11 de novembro de 2012. Dois encontros deste nível, num só dia, só mesmo numas meias-finais de um Torneio de Grand Slam. Como diria Juan Martin Del Potro, na antecipação da jornada, "três nomes grandes e um jogador grande". Na verdade, foram dois encontros grandes, entre quatro grandes jogadores da atualidade, entre os quais os três primeiros classificados do ranking. Ao contrário de outras modalidades desportivas, no ténis não há injustiças e, não por acaso, estes três jogadores estão sempre lá, depois de se livrarem, com maior ou menor dificuldade, de adversários mais ou menos dotados. E Del Potro, o outsider do dia, conquistou esta meia-final por direito próprio, ao derrotar na véspera Roger Federer (mesmo se "a feijões" para este).


A primeira meia-final, disputada entre Djokovic e Del Potro consitituiu o aperitivo para o prato principal que teríamos o prazer de saborear a seguir. Delpo entrou melhor e, claramente, venceu o duelo de direitas cruzadas, o que lhe valeu a conquista do primeiro set por 4-6. Claudicou no segundo set, com erros não forçados de esquerda (6-3). O desgaste físico começou a evidenciar-se  no seu jogo de pés, que já não correspondia à exigência do jogo. Nole, por sua vez e como nos habituámos a ver, foi aumentando o ritmo de jogo, fazendo movimentar o adversário. Tal como no primeiro set, uma vez mais a direita cruzada foi decisiva na terceira partida, que caíu desta feita para o jogador sérvio (6-2) que, merecidamente, conquistou a passagem para a final deste Masters .
 
Oito horas da noite em Londres. 18000 espetadores aqueciam o ambiente da Arena, que contagiou Federer e Murray para uma noite de grande ténis. Não há muito dizer, apenas que os dois jogadores jogaram o que podem e sabem. Depois de se terem defrontado várias vezes este ano, uma das quais na Final dos JO, já não havia segredos para nenhum deles. Com os seus 25 anos de idade, Andy teve o seu melhor ano de sempre, estando muito próximo do seu melhor nível. Roger, por seu turno, reapareceu em 2012 com um nível de ténis surpreendente para um jogador de 31 anos, que lhe permitiu inclusivé roubar o record a Sampras de jogador com maior número de semanas em número um do ranking. Foram certamente os dois melhores sets de Roger nos últimos tempos. E, quando assim é, nem Andy nem ninguém consegue fazer melhor. Taticamente, foi uma partida brilhante do suiço que, tirando ritmo e ângulos a Murray, carimbou, com relativa facilidade, o passaporte para a Final mais aguardada (7-6, 6-2).
 
Para terminar, apenas um comentário que ouvi dos repórteres da Sky Sports, que não deixaram de criticar o público da Arena. "Estamos em Londres, mas parece que estamos bem no meio da Suiça".