terça-feira, 30 de outubro de 2012

Williston N Dakota

Williston é uma pequena cidade situada a sul do estado de North Dakota cuja população, segundo o census de 2000, não atingia os 13000 habitantes. Hoje, estima-se que sejam cerca de 30000 e, todos os dias, chegam a esta pacata cidade, 30 pessoas de todos os estados americanos. Esta terra inóspita, de clima semi-árido, é hoje conhecida como a "esponja de petróleo" ou o "novo sonho americano". Deve ser um dos poucos lugares do mundo, onde a palavra "crise" não faz parte do vocabulário local. A taxa de desemprego de 0,7% parece irreal nos dias que correm. As bailarinas strippers vêm diretamente de Las Vegas para ganharem, numa única noite, entre 2000 e 3000 dólares, cerca de dez vezes mais do que ganhariam na capital do jogo. Uma das bailarinas conta a história que os homens, quando aqui chegam acabados de sair do comboio, dizem "acabei de chegar, não tenho emprego", ao que ela costuma retorquir "senta-te aí durante 3 horas e já terás um quando saíres". Como dizia um dos trabalhadores "aqui é possível ganhar 100000 dólares por ano, sem ter qualquer diploma", qualquer coisa como cerca de 6000 Eur por mês.


O que faz então desta terra árida o "novo sonho americano"? Nada mais do que uma formação de xisto de onde estão a ser extraídos 400000 barris de petróleo diariamente, a partir de 8000 poços de petróleo instalados. No final deste ano, este será já o maior campo de petróleo americano, ultrapassando a produção da Prudhoe Bay Oil Field, no Alasca. Estima-se que dentro de 20 anos possam existir a operar 50000 poços de petróleo e que a produção possa atingir os dois milhões de barris por dia.

Este petróleo e gás de xisto do North Dakota já era há muito conhecido, mas eram consideradas propostas infrutíferas.  No entanto, as novas tecnologias de perfuração horizontal e fratura hidráulica (fracking) permitem que a injecção de água e areia numa fratura da rocha possa libertar o petróleo. Curiosamente, esta técnica é proibida em muitos países, em particular na Europa, por razões ambientais, ligadas à contaminação dos lençois freáticos. Mais recentemente, tem-se colocado a hipótese desta técnica de extração poder ser um fator de risco de tremores de terra.
 
Diga-se que a disseminação global do fracking na exploração do petróleo e gás de xisto, assim como de outros recursos naturais (conhecido por boom do xisto), tem sido alvo de veementes protestos, que recentemente tiveram lugar na Austrália e na Bulgária.





domingo, 28 de outubro de 2012

Williams v Sharapova

Foi uma final do WTA Championships 2012 sem grande história. Serena Williams sai de Istambul como terceira do ranking WTA, mas quase unanimemente considerada como a melhor jogadora de 2012 e uma das maiores de sempre. Depois de quase um ano parada, a recuperar de problemas de saúde, Serena regressou à competição com muita vontade de jogar e, talvez, a praticar o melhor ténis da sua longa carreira. Serena, 31 anos, é a veterana do ténis feminino e, talvez por isso e pela sua forma de estar, a mais respeitada e temida pelas suas adversárias. E que o diga Maria Sharapova, capaz de cilindrar sem qualquer piedade uma adversária menos cotada (tanto melhor se conseguir um duplo 6-0), mas que parece fraquejar quando tem pela frente esta americana possante e musculada.

Serena Williams e Maria Sharapova
 
Sharapova até entrou bem no encontro, mas o serviço forte e colocado de Serena (recordista de ases no circuito feminino) não lhe permitiu dispor sequer de um ponto de break. E bastou à americana quebrar uma vez o serviço da russa, que já tinha a bola nos pés quando ainda terminava o seu movimento de serviço (muitos serviços e winners de Serena ultrapassam em velocidade o de muitos jogadores masculinos) para fechar a primeira partida por 6-4. A segunda partida foi ainda mais rápida e aí viu-se uma Sharapova conformada com a superioridade de Serena, que disparava winners de direita, de esquerda, quase todos da linha de fundo (para além dos 11 ases). A tenista russa, mais uma vez, curvou-se diante da única jogadora da atualidade que verdadeiramente teme, embora termine o ano uma posição acima da americana.
Sharapova tem, reconhecidamente, muitos atributos, um dos quais a garra com disputa cada ponto, como se fosse a última coisa que fizesse em vida. No entanto, o seu jogo baseado no serviço, na potência e nas bolas paralelas, é demasiado previsível e até enfadonho. Quando sobe à rede (coisa que sucede no máximo 2 vezes em cada set) fica sempre desorientada sem saber o que fazer, perdendo a noção de espaço. Ver um encontro de ténis ao vivo é muito diferente da televisão. Quando tive a oportunidade de ver jogar Sharapova numa das meias-finais de Roland Garros, confesso que saí desiludido com o seu estilo de jogo. Jogadas com poucas trocas de bola (a maioria acaba logo no serviço ou na resposta), sem subidas à rede e, no fundo, sem aqueles pontos espetaculares, variados e imprevisíveis que fazem vibrar os espetadores. Assistir a um jogo da italiana Sara Errani é tudo o contrário...um verdadeiro repertório.

Hoje tive vontade de voltar a assistir àquela encontro de que aqui já dei conta, entre Kleber e Azarenka, e que considero o mais bem disputado do ano.