sábado, 20 de outubro de 2012

Jogo de pés (Footwork)

Fui parar, por acaso, a este vídeo do encontro entre Samantha Stosur e Jarmila Groth disputado no Torneio de Brisbane 2011. Para além da intensidade do ténis entre as duas Australianas (o encontro viria a ser ganho pela menos cotada Groth), gostaria de destacar o excelente trabalho de pés (footwork) das duas jogadoras. Repare-se bem na atitude de Groth quando se desloca na direcção da rede, seja para um approach shot ou um smash. Vale a pena aumentar o nível do som só para escutar o movimento dos pés das jogadoras, ampliado pelo facto de este encontro ser disputado em recinto fechado. Um caso em que a audição vale mais do que a imagem.

 
 
Samantha Stosur, finalista de Roland Garros 2010 e vencedora do US Open 2011, é bem conhecida dos adeptos do ténis. Já Jarmila Groth, cidadã Australiana desde 2009, nasceu em Bratislava em 1987. É, portanto, natural da Eslováquia (ex-Checoslováquia), país que tem produzido tenistas de elevada qualidade, em particular no ténis feminino. Em Maio de 2011 (pouco depois de ter disputado este encontro) Groth atingiu a sua melhor posição no ranking WTA  (N.º 25). 

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Manuel António Pina (1943-2012)



O Último Poema

A dor acompanhar-me-á,
a dor de não ter escrito
o teu nome e de não ter sabido
as perguntas e as respostas; nos teus braços quem me receberá?


E fará tanto frio
que a eternidade
se consumará sem mim no quarto agora vazio
de exterioridade e de contemporaneidade.


Só terei as minhas palavras,
mas também elas são mortais
mesmo as mais banais e mais
próprias para falar das coisas acabadas.


Terei talvez morrido; nunca o saberei.
Nem não o saberei tão perto estarei,
o rosto reclinado no seu peito,
a minha vida um sonho teu, desfeito.





quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Carlos Ramos

O árbitro português Carlos Ramos vai estar a dirigir a centésima final da Taça Davis 2012, que opõe a Espanha à Républica Checa, na O2 Arena de Praga, entre os próximos dias 16 e 18 de novembro.


Carlos Ramos, que soma também três finais da Fed Cup, é o único árbitro do Mundo a ter dirigido encontros de atribuição de títulos de singulares nas quatro provas do Grand Slam. A somar a tudo isto, aos 41 anos, concretizou o sonho  de dirigir a final masculina do Torneio Olímpico de ténis 2012, onde o britânico Andy Murray derrotou o suíço Roger Federer. Afinal o ténis português está bem representado, ao mais alto nível.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Franz Liszt


Franz Liszt foi um compositor húngaro (na verdade nasceu em Raiding em 1811, Império Austríaco na altura e hoje pertencente à Áustria), um virtuoso pianista e professor. O seu estilo ficou conhecido como virtuoso piano e foi considerado por muitos seus contemporâneos como o pianista tecnicamente mais avançado na época. As suas obras eram de uma complexidade tal, que poucos as conseguiam interpretar.
A sua forma de interpretar conseguia elevar o estado de ânimo de quem o ouvia, a um nível de extâse quase mítico, obtendo como resultado uma certa histeria coletiva, conhecida como Lisztomania (em 1975, Ken Russell realizou um filme biográfico de Liszt com este título).

Liszt era um virtuoso, mas também um pedagogo extraordinário. Não tinha método, nem sistema didático, nem técnica específica. Não dava conselhos, entregando-se antes como modelo aos seus alunos.  “Technique should create itself from spirit, not from mechanics”, afirmava. Não cobrava nada pelas lições e recebia alunos de todo o lado, respeitando a sua individualidade, como o provam múltiplas gravações. “O primeiro dever do professor é tornar-se desnecessário. O segundo dever do professor é ensinar os alunos a ensinarem-se a si próprios.” Na verdade, poucos como ele entendiam toda a dimensão etimológica do termo “educare” – encaminhar.

Da sua extensa obra, Hungarian Rhapsody No. 2 (com direito a interpretação em desenho animado por Tom & Jerry) e Dream of Love serão as mais conhecidas do público. Segue-se "Un Sospiro", pelo pianista canadiano Mar-André Hamelin.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Ponto de viragem (turning point)

Ainda a propósito da Final de Shanghai, disputada ontem, este foi o turning point (ponto de viragem) do encontro. Para os adeptos e atentos seguidores de ténis ficou logo evidente no final desta emocionante jogada (com direito a hot-dog seguido de drop-shot) com resultado a 30-0 (5-4 para Murray no segundo set). Se falhasse esta bola, Murray disporia de 3 match-points no seu jogo de serviço. E Novak Djokovic, ao seu melhor nível, proporcionou-nos isto:

 
 
 
Este é um dos mais evidentes exemplos de um turning point, pois a partir daqui Nole encontrou o caminho da vitória. Um turning point pode ser uma jogada espetacular, como neste caso, mas pode igualmente ser uma discussão com o juiz de cadeira, um ponto ganho no challenge, uma bola na tela que cai para o outro lado, ou qualquer outra jogada ou acontecimento marcante num encontro de ténis. E são estes pontos que mudam o rumo dos acontecimentos, normalmente por despertar o jogador que está na mó de baixo, que contribuem para a imprevisibilidade do ténis.

domingo, 14 de outubro de 2012

Murray v Djokovic


Disputou-se hoje a Final do Shanghai Masters 2012, entre o escocês Andy Murray e o sérvio Novak Djokovic. Quem, como eu, teve o prazer de assistir a este duelo de mais de 3 horas deu o tempo por bem entregue. Depois de ter perdido o primeiro set por 7-5, destruído uma raquete contra o piso duro do court e ter salvo 5 Championship points, Djokovic levantou a taça, demonstrando que é sem dúvida o tenista da atualidade com maior força mental (quem não se lembra da forma com salvou 2 match-points contra Federer no US Open 2011).  Murray não tem que se lamentar, afinal 2012 está a ser o melhor ano da sua jovem carreira. O resultado de 5-7, 7-6 (com épico tiebreak de 24 pontos e 21 minutos) e 6-3 traduz bem o equilíbrio e a importância decisiva da firmeza mental nesta modalidade desportiva.

 
O Shanghai ATP Masters 1000 surge para satisfazer o desejo da Association of Tennis Professional (ATP) e da Associação Chinesa de Ténis em desenvolver o mercado de ténis na China, e da Ásia em geral, atualmente em grande expansão. Disputa-se anualmente na Qizhong Forest Sports City Arena em Shanghai, na Républica Popular da China. Trata-se de um recinto construído em 2005, com 15000 lugares e com uma arquitetura moderna, caracterizada por uma cobertura retrátil em forma de magnólia, que permite em apenas 8 minutos transformar um recinto outdoor em indoor.